Projeto Literatura à Mostra - Resultado final do Concurso de Contos
Publicado: 06/02/2025 - 13:06
Última modificação: 06/02/2025 - 13:08
O Projeto Literatura à Mostra, desenvolvido pelos docentes da Área de Língua Portuguesa da Eseba tem a honra de apresentar o conto vencedor do Concurso Literário das turmas do 6° ano em 2024.
Parabéns, Murilo! Seu conto foi classificado em primeiro lugar!
Siga o projeto Literatura à Mostra no Instagram: @literaturaamostraeseba
O ECO DA CASA VELHA
Murilo Ribeiro Rodrigues
Na pequena cidade de Sedona havia uma casa antiga coberta de trepadeiras e sombras. O lugar era conhecido por todos como a casa dos lamentos. Contavam que à noite era possível ouvir sussurros e ecos de risos distantes, mas quem se aproximasse nunca voltava para contar história.
Certa noite, Lucas, um jovem curioso, decidiu que era hora de desvendar o segredo da casa. Armado com uma lanterna e uma coragem impulsiva, ele se aproximou da entrada. A porta rangendo ao ser empurrada parecia um aviso, mas a curiosidade o levava adiante.
Dentro, o ar estava pesado, carregado de umidade e um odor de mofo. As paredes eram forradas por retratos empoeirados que pareciam observá-lo. No entanto, o que realmente o intrigava eram os sussurros. Ele tentava ignorá-los, convencendo-se de que era apenas o vento, mas as vozes pareciam mais reais a cada passo.
Enquanto explorava, Lucas encontrou um diário empoeirado na biblioteca. As páginas estavam amareladas e as palavras revelavam a história de uma família que havia desaparecido misteriosamente há décadas. “Nunca fique sozinho à noite”, dizia uma passagem, “os ecos do passado não descansam”, advertia outra.
Um arrepio percorreu sua espinha e, de repente, um barulho atrás dele o fez voltar. A lanterna piscou e apagou. O silêncio era surdo e, em meio à escuridão os sussurros ficaram mais altos e mais urgentes. Ele ligou a lanterna novamente, mas a luz fraca iluminou apenas o vazio.
Sem saber o que fazer, decidiu voltar, mas ao se mover, percebeu que a porta pela qual sua entrada se deu agora estava trancada. O desespero começou a se instalar e os sussurros se transformaram em risadas altas, quase zombeteiras. Ele se lançou para a janela, mas ela também estava fechada. Era como se a casa tivesse vida, reagindo aos seus movimentos.
Em meio ao pânico, Lucas se lembrou dos diários. As últimas páginas falavam de um só destino: “seja bem-vindo ao lar onde os esquecidos permanecem”. Ele sentiu um frio na nuca, como se algo o observasse. Olhando em volta, viu que os retratos na parede agora tinham expressões grotescas. Os olhos seguiam seus movimentos.
Decidido a encontrar uma saída, Lucas andou pelo corredor escuro. As risadas ressoavam sufocando-o e os sussurros diziam seu nome. No fim do corredor, uma porta entreaberta revelava uma luz fraca. Ele, relutante, entrou.
No centro da sala, o diário estava sob uma mesa, ao lado de uma antiga foto de família. Os olhos vazios pareciam segui-lo. Um sussurro o envolveu: “você não devia ter vindo”.
Lucas tentou fugir, mas seus pés estavam presos no chão. A figura de uma mulher surgiu pálida e deformada, sussurrando: “agora você faz parte da casa”.
As sombras o envolveram. A casa, mais uma vez, silenciou.